segunda-feira, 31 de maio de 2010

Sorte?

Por Lucas Cassab*
Nessa semana trataria de outro assunto: a participação popular no governo Lula e o como podemos avançar no governo Dilma. Mas, às 7h50 da manhã de domingo (isso é hora de alguém acordar?), a caminho da minha prova, paro o carro no sinal da Rua Halfeld e presto atenção na nova logomarca da Prefeitura de Juiz de Fora: a frase “Juiz de Fora 160 anos: sorte e felicidade”, ilustrada por um trevo da sorte estilizado.
Logo de cara penso que era a vista inebriada de sono, afinal nenhuma prefeitura deseja no aniversário da cidade “sorte” ao povo. Até aonde sei Juiz de Fora não está concorrendo na Mega Sena. Decido ler de novo, e realmente sorte é tema.
No aniversário, as pessoas desejam saúde, trabalho, emprego, amor, dinheiro, entre outras coisas, mas sorte não.
O descaso das administrações tucanas com as cidades, estados e o país, todo mundo já conhece. Agora, lavar as mãos recomendando “sorte” ao povo, nunca vi antes.
O que será que os tucanos pensaram? Será que eles finalmente admitiram que o povo juizforano está entregue a própria sorte? Que de fato não temos governo? Que se tivermos sorte, a cidade sairá da estagnação que se encontra?
Precisamos de muita sorte para agüentar quatro anos sem governo, sem qualquer projeto de participação popular. Sorte para não ficar doente e precisar da saúde pública, que inclusive foi alvo de bombardeios até pela base aliada. Sorte para, sem projeto de desenvolvimento, deixar de ser a região com segundo pior IDH. Sorte para não privatizarem o serviço de coleta de lixo, sorte para que o lixão só aceite lixo da cidade, pois pelo contrato, pode receber lixo de qualquer lugar. Sorte para contermos a onda de crack na cidade, iniciada coincidentemente com o fim de inúmeros projetos sociais.
Ou precisamos de um governo que trabalhe e saiba unir o povo, para que o povo, em conjunto com uma prefeita capacitada, resolva os problemas da cidade. E com isso deixemos de viver a nossa própria sorte e construirmos a nossa felicidade.
*Colabora no Lendo o Mundo aos domingos. É bancário, dirigente da CUT Regional de Juiz de Fora